Friday, December 24, 2010

Feliz Natal Gaudério


*Buenas tchê!***

*"Eis que vem surgindo lá no FUNDÃO DA ESTÂNCIA, após se ENTREVERAR por várias COXILHAS mundo a fora, o LOCO DE BUENACHO, o ÍNDIO NOEL, ***

*montadito em sua charrete cheia de presentes, que mais parece um mascate vindo do Paraguai, para novamente celebrar o Nascimento do PIAZITO DO PEITO,** **GAUDÉRIO DOS PAMPAS, chamado JESUS,
filho de D. MARIA, PINGUANCHA flor de rezadeira, e do SEU JOSÉ, um carpinteiro loco de buenacho.** ***

*Este PIAZITO veio pra salvá toda a INDIADA perdida pelas CARRERAS da vida.** ** ***

Que este Natal, traga PAZ, SAÚDE e PROSPERIDADE a todos MARAGATOS, XIMANGOS e VIVENTES DE TODAS AS VÁRZEAS E COXILHAS."
DESEJO A TODOS UM BAITA QUEBRA COSTELA TCHÊ, e um 2011 MACANUDAÇO por demais...***

Christmas Message 2010 from the World Council of Churches general secretary



from the World Council of Churches general secretary

The nativity of Jesus Christ is proclaimed by angelic choirs in the heights of heaven, and the joyous news is echoed afterwards by modest shepherds in fields near Bethlehem. Meanwhile, a mother and father care for their newborn child. No place for this family could be found in the inn, so they shelter among livestock. The circumstances are strikingly humble, yet their infant is the occasion of the angels’ song:

And suddenly there was with the angel a multitude
of the heavenly host, praising God and saying,
“Glory to God in the highest heaven,
and on earth peace among those whom God favours!”

Luke 2:13-14

The splendour of Christmas highlights many contrasts in our surroundings. First of all – it is all about what we are given – surprisingly – by God. This revelation of glory in heaven is given to people living off the land, dependent on simple blessings found in fields and farmyards, in caring for sheep and celebrating a new birth. It is they who first hear the promise of so much more than bare survival or the simplest pleasure. They dare to imagine the real possibility of peace on earth. The song of angels encourages them to give glory to God alone and to seek peace with others, far and near.

Conditions in the world today are marked by contrasts at least as great as those in Jesus’ time. Everywhere we see wildly contradictory instances of poverty and wealth, systems of tyranny and of justice, brutal violence and sincere attempts at reconciliation. Through it all, we are keenly aware of the need for a peace worthy of the name: just peace for all.

In this season, and in looking to the New Year, we in the World Council of Churches find encouragement in the potential for seeking peace that is to be afforded in May 2011 at the International Ecumenical Peace Convocation (IEPC) in Kingston, Jamaica. Taking as its motto “Glory to God; Peace on Earth”, the IEPC will serve as a culmination of the churches’ Decade for Overcoming Violence (2001-2010) and an occasion to renew our common commitment to the establishment of a just peace among peoples.

We encourage you to make certain your church is participating in the IEPC as all WCC member churches have been invited to send representatives to the convocation. For the World Council of Churches, peace is a vital part of living the fellowship and building Christian unity.

In these days we hear anew the opening accounts in the life of Jesus Christ our Lord and Saviour. Our hearts and spirits are refreshed once more. In response, we rededicate ourselves to the praise of God in highest heaven and to our ministries of peace on earth.

May the blessing of God, the Father, Son and Holy Spirit, be with you always.

Rev. Dr Olav Fykse Tveit
General secretary,
World Council of Churches

Thursday, December 16, 2010

Brasil não é subserviente, mostra WikiLeaks


Os documentos publicados hoje no sítio do WikiLeaks na internet revelam que a embaixada dos Estados Unidos no Brasil comunicou a Washington que o governo brasileiro recusou presos de Guantánamo como refugiados em 2005. A razão da recusa é que seria impossível receber como refugiados presos que não tivessem esse status no país que solicita a transferência.

Antonio Carlos Ribeiro
Brasília, sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A reação do funcionário americano tenta ridicularizar o Brasil diante da proposta “de pagar uma viagem a Guantánamo”, a prisão ilegal em Cuba onde prisioneiros foram torturados e mortos por suspeita de terrorismo. Os documentos revelam que ao não poder atribuir o status de refugiados aos prisioneiros de guerra, o governo dos EUA desejou dividir com o Brasil parte da crise do desrespeito aos direitos humanos, por eles criada.

Ao noticiar o fato, a Folha de S. Paulo defende os EUA e sua tentativa de se livrar do escândalo, acusando o governo brasileiro de não aceitar refugiados. A mania de dar ordens e serem atendidos esbarrou na diplomacia brasileira. A embaixada americana informou que o Brasil “não pode aceitar imigrantes de Guantánamo porque seria ilegal designar como refugiado alguém que não está ainda em solo brasileiro”, disse o telegrama do embaixador americano, John Danilovich.

A Folha tentou achar conflito na decisão do governo brasileiro por não ter colaborado na solução do problema que o presidente Obama herdou do governo Bush, apelando à subalternidade dos governos brasileiros anteriores. Para a Folha, “a recusa brasileira relatada pelos norte-americanos contrasta com declarações públicas de integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, quando na verdade o Brasil se recusou a atenuar o escândalo dos crimes praticados.

Mesmo a Folha sabendo que “a prisão usada pelos EUA em Cuba recebeu centenas de pessoas capturadas pelos norte-americanos depois dos atentados do 11 de setembro de 2001”, e que muitos “dos detidos não eram de fato relacionados aos ataques”, defende hoje a iniciativa americana de apelar ao Brasil, cujos governos sempre disseram sim.

A simulação da postura humanitária ficou exposta ao argumentar que devolver os injustamente torturados “aos seus países acabou ficando inviável, pois não havia segurança de que estariam a salvo em suas localidades de origem”. O jornal paulista sequer considerou a responsabilidade dos EUA de receberem “esses ex-presos na condição de refugiados”.

O presidente Lula disse que os telegramas "desnudam" a tese de que os americanos são superiores a outros países. É compreensível que queiram deixar a sujeira para que alguém limpe e tenham dificuldades com quem não coopera. Mas, pior que isso, é que as informações do WikiLeaks expõem o perfil entreguista da imprensa, especialmente quando o assunto é provocar desgastes no governo do seu país.

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Saturday, December 04, 2010

Diplomacia brasileira é culta e insubmissa


O diplomata Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil, foi eleito o sexto “pensador global” em 2010 pela revista norte-americana “Foreign Policy”.

ALC
Brasília, quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O nome de Amorim ganha importância pelo mérito de “transformar o Brasil em um ator global” e por constar numa lista de 100 personalidades do mundo dos governos e dos negócios. Amorim já tinha recebido uma menção em 2009 na mesma publicação como “o melhor chanceler do mundo”.

Já a chancelaria exercida sob sua liderança foi acusada pelo embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, de adotar uma “inclinação antiamericana”, revelaram documentos divulgados pelo site de pesquisas Wikileaks.

Com formação e funções acadêmicas no Instituto Rio Branco (Itamaraty), na Universidade de Brasília (UnB) e como membro permanente do Departamento de Assuntos Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Amorim teve sua atuação avaliada como a que marcou um curso independente, não “se opondo reflexivamente aos EUA no estilo da velha esquerda latino-americana, nem servilmente seguindo sua liderança”, publicou a Foreign Policy.

O diplomata recebeu a distinção porque “criticou países desenvolvidos e advogou que os países em desenvolvimento tivessem um papel de liderança no combate às mudanças climáticas”.

Ele atuou com o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, ao negociar soluções para o programa nuclear do Irã, esfriando a tensão internacional, e provocou inveja nas diplomacias dependentes da liderança americana, que buscavam o mesmo acordo há meses, sem alcançá-lo. O gesto pôs o Brasil no mapa diplomático.

Na relação da Foreign Policy Amorim vem antecedido pelos milionários Warren Buffett e Bill Gates, a dupla Dominique Strauss-Kahn, diretor do Fundo Monetário Internacional, e Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial; em segundo lugar, pelo presidente dos EUA, Barack Obama, seguido pelo chefe do Banco Central chinês, Zhou Xiaochuan, em quarto, e por Ben Bernanke, presidente do Tesouro norte-americano (FED).

A atuação de Angela Merkel no governo alemão e na Comunidade Econômica Europeia e a diplomacia da estadunidense Hillary Clinton ocuparam a 10ª e a 13ª posições, respectivamente. O nome da ex-ministra e ex-candidata brasileira Marina Silva apareceu no 32º lugar.

Com pouquíssimo poder militar – empregado apenas na Força de Paz da ONU no Haiti - e muita diplomacia para evitar dois golpes de Estado e negar apoio a um quase terceiro, não é surpresa que os EUA considerem a diplomacia brasileira 'antiamericana', como mostraram documentos divulgados pelo Wikileaks.

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Saturday, November 27, 2010

Reflexões e orações sobre a situação da cidade do Rio de Janeiro


Venho motivá-las e motivá-los a incluírem na celebração do Primeiro Domingo de Advento reflexões e orações que tenham como referência a situação de violência instalada nos últimos dias na cidade do Rio de Janeiro. As comunidades cristãs e outros grupos religiosos da cidade e do Estado do Rio de Janeiro, com medo e angustiados, clamam a Deus por socorro, proteção e salvação.

Além do conteúdo de fé do tempo de Advento, revelador da necessidade de recomeço e de preparação para a celebração da dádiva da presença de Deus entre nós, ainda sugiro o versículo bíblico, lema da semana: “Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua salvação”. (Sl 85.7).

As comunidades do Sínodo Sudeste são chamadas para unirem-se ao povo de Deus que clamam misericórdia e salvação. Pela fé e em comunhão acreditamos que o mundo é sustentado pelo amor e pela misericórdia de Deus. Cremos no Deus doador da vida, o Cristo da cruz, que salva a vida na realidade de morte, que revela misericórdia e salvação de dentro da morte.

Ao orarmos pela misericórdia e pela salvação, denunciamos os valores e poderes da morte. Anunciamos a esperança de que chegará o dia em que a guerra urbana não será o caminho para a PAZ.

Em comunhão, fé e esperança

Guilherme Lieven, Pastor Sinodal

Sínodo Sudeste - IECLB

Guerra contra o tráfico. Violência contra as mulheres



Estimadas irmãs, estimados irmãos:

Estamos profundamente impactados pelas imagens da violência no Rio de Janeiro, violência que tem sua causa maior no tráfico de drogas, alimentado pelo consumo de drogas. Essa situação só pode ser superada através de uma política conjugada de repressão ao tráfico, prevenção do consumo e recuperação de pessoas dependentes. Tampouco podemos deixar a questão simplesmente para as autoridades e instâncias governamentais. Também a família, as comunidades e a igreja têm um papel importante na educação de crianças e jovens, construindo relações de paz e fraternidade, criando espaços seguros e iniciativas de acompanhamento a jovens.

Há também outras formas de violência que devem nos preocupar como uma igreja que se empenha pela paz de Deus em todas as relações humanas. Uma delas é a violência contra a mulher, triste realidade que muitas vezes é ocultada, mas ocorre no seio de muitas famílias. Hoje também tem início a Campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher (25 de novembro a 10 de dezembro). Realizada internacionalmente desde 1991 em aproximadamente 130 países, a campanha busca evidenciar que a violência contra as mulheres é uma gravíssima violação aos direitos humanos. Por essa razão, o dia 25 de novembro - Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres - marca seu início e o 10 de dezembro - Dia Internacional dos Direitos Humanos – seu encerramento. O dia 25 de novembro é reconhecido pela ONU como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.

Integram ainda a Campanha dos 16 Dias de Ativismo o dia 1.º de dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids, e o dia 6 de dezembro, data do Massacre de Mulheres de Montreal, que fundamenta a Campanha Mundial do Laço Branco – Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres. A campanha brasileira foi ampliada de maneira a incluir o dia 20 de novembro, data em que celebramos o Dia Nacional da Consciência Negra.

Violência é uma das marcas mais visíveis de uma sociedade doente e injusta, que discrimina e exclui pessoas. Violência está presente no nosso dia a dia e todas as pessoas sofrem com esta situação. No entanto, a situação das mulheres é agravada pelas diferentes formas de violência a que estão submetidas, como a física, psicológica, sexual e até mesmo religiosa.

Estatísticas disponíveis revelam que grande parte da violência acontece dentro de casa, sendo agressor o próprio marido ou companheiro. Violência deixa lesões corporais graves, decorrentes de socos, tapas, chutes, amarramentos, queimaduras, espancamentos e até estrangulamentos. Dados de 2006 revelam que a cada 4 minutos uma mulher sofre violência e, em média, ela a denuncia só depois da décima agressão.

Um passo significativo no enfrentamento à violência contra a mulher foi a promulgação da Lei Maria da Penha (Lei nº. 11340, de 07/08/2006), que coíbe a violência doméstica e familiar contra a mulher. A lei é um forte incentivo para que as mulheres rompam o silêncio, que é o maior aliado da violência e da impunidade. Mas é preciso ir ainda mais fundo. É preciso desconstruir e acabar com o machismo e o patriarcalismo, segundo os quais o ser humano masculino é superior e deve ter poder sobre o feminino. Deus criou os seres humanos à sua imagem e semelhança – homem e mulher ele os criou. Colocar um/a à frente do/a outro/a é afrontar o próprio propósito da criação divina.

Tudo isso é um contraste muito grande com o espírito de Advento, período em que recordamos e celebramos um Deus de paz que vem a nós. Diante da situação pecaminosa descrita que insulta a Deus, conclamamos a que nossa intercessão comum em toda a IECLB, nos cultos deste fim de semana e/ou do próximo, seja:

Intercedemos pelo fim da violência em nosso país.
Lembramo-nos
em particular da violência contra as mulheres.

Intercedemos pelas organizações, movimentos e campanhas
que clamam por vida digna

e se opõem a todos os tipos de violência.

Faz-se necessário que a comunidade seja informada sobre os motivos que levam ao pedido desta oração de intercessão comum e que ela estará sendo orada em toda a IECLB, num gesto de unidade.

Na paz de Cristo,

Walter Altmann

Pastor Presidente

Monday, November 15, 2010

Calem a boca, nordestinos!



Por José Barbosa Junior
 
A eleição de Dilma Rousseff trouxe à tona, entre muitas outras coisas, o que há de pior no Brasil em relação aos preconceitos. Sejam eles religiosos, partidários, regionais, foram lançados à luz de maneira violenta, sádica e contraditória.
Já escrevi sobre os preconceitos religiosos em outros textos e a cada dia me envergonho mais do povo que se diz evangélico (do qual faço parte) e dos pilantras profissionais de púlpito, como Silas Malafaia, Renê Terra Nova e outros, que se venderam de forma absurda aos seus candidatos. E que fique bem claro: não os cito por terem apoiado o Serra… outros pastores se venderam vergonhosamente para apoiarem a candidata petista. A luta pelo poder ainda é a maior no meio do baixo-evangelicismo brasileiro.

Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: "Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!".

Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros "brasileiros" também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos "amigos" Houaiss e Aurélio) do nosso país.
E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!

Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!
Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?
Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?

Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?

E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano. Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo "carioca" Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.

Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos… pasmem… PAULISTAS!!!

Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura…
Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner…

E não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melodias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia…
Ah! Nordestinos…
Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura? E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros á força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país? Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?

(...)

Minha mensagem então é essa: – Calem a boca, nordestinos!
Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.

Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.
Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: "O sertanejo é, antes de tudo, um forte!"

Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!

Wednesday, November 03, 2010

Negras e negros na Bíblia? - Por Edmilson Schinelo



Negras e negros na Bíblia?

Segunda-feira, 1 de novembro de 2010 - 11h39min

por CEBI

Edmilson Schinelo

Os evangelhos sinóticos são unânimes em afirmar que um certo Simão de Cirene ajudou Jesus a carregar a cruz, a caminho do Calvário (Mt 27.32; Mc 15.21; Lc 23, 26). Ora, Cirene fica no norte da África, mas alguma vez você ouviu em prédica ou sermão, na catequese, na escola dominical ou no ensino confirmatório, que um africano ajudou Jesus a carregar a cruz? Estudiosos dirão que se trata de um judeu da diáspora, visto que no norte da África havia várias colônias judaicas. Mas com que argumentos ou intenções fazem esta escolha na interpretação?

Por contrariar os interesses da corte de Jerusalém, pouco antes da destruição da cidade pelas tropas babilônicas, o profeta Jeremias foi preso e lançado numa cisterna. Um africano, funcionário do rei (seu nome, Ebed-Melec, significa "ministro do rei"), liderou um movimento para libertar Jeremias (Jr 38,1-13). Quantas vezes você se lembra de ter estudado este texto, dando atenção a este "detalhe"?

Moisés, conta-nos Nm 12, casou-se com uma africana, da região de Cush - Etiópia. Na verdade, quase toda a historia do êxodo se passa na África. Uma simples leitura do Canto de Miriã (Ex 15,19-21), com certeza um dos textos mais antigos de toda a Bíblia, nos permite notar a proximidade da cena com a rica cultura dos povos negros: canto e dança ao redor dos tambores. Você já parou para pensar nisso?

O missionário Filipe, ao "aceitar a carona" na carruagem do negro e alto funcionário de Candace, rainha da Etiópia, tem uma grata surpresa: o africano já tem em suas mãos o livro do profeta Isaías (At 8, 26-40). E há quem continue afirmando que os foram os europeus que levaram a Bíblia para a África!

Pois bem, os exemplos acima são suficientes para nos provocar ao desafio: olhar a Bíblia na perspectiva da negritude!

Em primeiro lugar, porque seguimos acreditando que o Deus da Bíblia faz opção pelas pessoas e pelos grupos mais marginalizados. Em nossa sociedade, as mulheres, as pessoas negras e indígenas continuam sendo as maiores vítimas da gritante exclusão social. Com elas aprendemos a resistir. Em segundo lugar, porque queremos e podemos descobrir as raízes negras do povo hebreu e de toda a Bíblia. De fato, antes de ser européia, a Bíblia é afro-asiática. Não negamos a contribuição européia ao nosso continente, queremos seguir trocando saberes com o chamado "Velho Continente". Mas denunciamos o cristianismo branco e opressor, com teologias que chegaram ao absurdo de justificar a escravidão negra (feita pelos brancos) e que continuam, muitas vezes, negando nossas raízes.

Não queremos fazer isso apenas pinçando textos bíblicos nos quais apareçam personagens africanas. Este até pode ser o primeiro passo, um exercício necessário e interessante. Mas é preciso mais do que isso, é preciso olharmos toda a Bíblia na perspectiva da negritude. Porque essa é nossa experiência, ainda que negada: vivemos num país onde metade da população é afro-descendente. "Coincidentemente", é a metade mais pobre.

Que aceitemos o desafio de mergulharmos na Bíblia e na vida com nosso olhar afro-descendente. Afinal, por muitos séculos, fizemos isso apenas com o olhar europeu. Erramos e acertamos, agora vemos que é preciso mais. Ou manteremos a opção, muito mais cômoda e bem menos questionadora para nossa sociedade preconceituosa e racista, de continuar enxergando apenas um Jesus loiro, de olhos azuis e cabelos cacheados?

Extraído de Bíblia e Negritude - Pistas para uma leitura afro-descendente.

Christians and Muslims call for mutual commitment to justice


For immediate release: 03 November 2010

Two panel discussions in Geneva, Switzerland highlighted the second morning of the “Transforming Communities” international consultation on Muslim-Christian relations. Panellists focused the attention of approximately 60 delegates on the topics “Beyond Minority and Majority” and “From Conflict to Compassionate Justice.”

The day’s first speech was offered by Lebanese minister of information Dr Tarek Mitri. He expressed his view that discussion of religious “minorities and majorities” has become “a sterile duality” in political discourse.

It is more important, Mitri said, to recognize that all are citizens with a shared responsibility for national life and a mutual obligation in securing justice for all. This corresponds to the call, made by the WCC general secretary during the opening consultation's session, for a proper use of the word "we" in our societies.

Professor Mahmoud Ayoub of the Hartford Seminary Foundation in the USA, a member of the world Islamic council of the World Islamic Call Society, called for followers of different faiths to “deal with our conflicts through compassionate justice.” In the case of Muslim communities in the West, he described the “dilemma” of raising children in such a way as to maintain their traditional religious and cultural identity while also encouraging them “to live meaningfully” in their new homeland.

The panel examining the journey “From Conflict to Compassionate Justice” featured three speakers: Dr Aref Ali Nayed, director of the Kalam Research and Media Centre in Dubai; the Rev. Kjell Magne Bondevik, former prime minister of Norway, president of the Oslo Centre for Peace and Human Rights and moderator of the WCC commission on international affairs; and Dr Farid Esack, a professor in the study of Islam at the University of Johannesburg in South Africa.

Nayed recommended dialogue as a means of helping “to keep each other honest” in the quest for justice and peace. Through dialogue, he added, it is possible to “grow ecologies of peace and forgiveness.” Bondevik agreed: “I would argue that dialogue is not only a meaningful tool; it is perhaps the only tool to build better relations. It is a tool for the building of shared societies.” Esack, acknowledging that “ultimate answers do not belong to humankind,” suggested that one moves in the right direction if one admits one’s own culpability in systems of injustice and recognizes oneself in others who suffer from that injustice: “The idea of justice without compassion is somehow a betrayal of justice.”

Tuesday morning’s panel discussions were moderated by Dr Mohammed al-Sammak, general secretary of Lebanon’s National Committee for Dialogue and of the Islamic Summit, and by the Rev. Dr Bernice Powell-Jackson, the World Council of Churches president for North America and a minister of the United Church of Christ in the USA.

Metropolitan Emmanuel of France, president of the Conference of European Churches (CEC) delivered greetings on behalf of CEC and of the Ecumenical Patriarchate of Constantinople to the participants. He stated that the conference contributed to the constitution of a set of values that could strengthen the exercise of religious freedom and human rights.

Tuesday, November 02, 2010

Peleja

Mário Pirata é um poeta Gaúcho, que, como bom poeta, brica com as palavras. Vale a pena ler suas poesias!


Peleja

por Mario Pirata, segunda, 1 de novembro de 2010 às 22:09

Nossa bombas são de chimarrão.

Nossos tanques, para lavar roupa.

Nossas correntes movem rios, lagoas e lagos.

Nosso armamento é feito de pensamentos.

Nossas lanças, de Santa Bárbara e de São Jorge.

Nós somos ecologistas, navegamos campos e mares.

Nossa balas são de guaco e agrião.

Nossos ideais, as mãos da natureza.

Nossos sentinelas, os Quero-queros do pampa.

Nosso munição tem o calibre dos sentimentos.

Nossa política é a poesia dos abraços.

Nós somos ecologistas, caminhamos com os ventos.

Nosso comandante tem a voz do coração.

Nosso uniforme é verde como a floresta,

prateado como o luar, dourado como o sol.

Nossas palavras de ordem são sementes,

brotam limpas e claras em nossas mentes.

Nós somos ecologistas, nos movemos com o tempo.

Nossos territórios não possuem cercas,

seguimos fortes com a guarnição

da paz das estrelas no firmamento.

Nosso compromisso é com o plantio

do amor entre todos os povos.

Nós somos ecologistas, estamos vivos, e prontos.

http://mariopirata.blogspot.com/

Friday, October 29, 2010

Muçulmanos e cristãos encaram futuro comum



Sexta-feira, 29 de outubro de 2010 - 8h16min

por ALC/CMI

Genebra, quinta-feira, 28 de outubro de 2010 (ALC) - Dirigentes muçulmanos e cristãos, junto com estudiosos e especialistas em questões religiosas, representando organizações islâmicas e cristãs, vão se reunir de 1 a 4 de novembro no Centro Ecumênico de Genebra, Suíça, numa consulta internacional sobre assuntos de interesse comum.

"Transformar as comunidades: cristãos e muçulmanos construindo um futuro comum", tema da consulta, definirá e se ocupará de questões de interesse mútuo, oferecendo orientações para a cooperação entre muçulmanos e cristãos, incluindo enfoques para a ação conjunta inspirados na fé.


A consulta será inaugurada por sua alteza real, o príncipe Ghazi Bin Muhammad Bin Talal, enviado pessoal e assessor especial de sua majestade, o rei Abdullah II, da Jordânia, e pelo arcebispo Anders Wejryd, da Igreja da Suécia.


Participarão também na consulta: o secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reverendo Olav Fykse Tveit, o secretário geral da Associação Mundial da Dawa Islâmica, Muhammad Ahmed Sharif, o representante da Liga Muçulmana Mundial, Abdulrahman Ao-Zayed, e o secretário geral do Fórum Mundial para a aproximação das escolas de pensamento islâmico, ayatollah Muhammad Ali Ao-Tashkiri, o presidente da Federação de Igrejas Protestantes da Suíça, pastor Thomas Wipf, e o xeique Yousef Ibram, imã da mesquita de Genebra.

A consulta, que se baseia nas sólidas bases de iniciativas e atividades realizadas no passado por diversas organizações e redes, é uma iniciativa conjunta cristão muçulmana tanto em seu planejamento, financiamento como participação.

"Cristãos e muçulmanos têm a responsabilidade conjunta de contribuir o melhor de seus recursos teológicos, espirituais e éticos para o bem comum da humanidade", afirmam os organizadores.

Eles esperam que a consulta "desenvolva formas concretas de construir um futuro comum para conseguir sociedades mais compassivas e justas, baseadas na equidade, na cidadania compartilhada e no respeito mútuo".

Os cerca de 60 participantes examinarão três questões fundamentais no contexto das relações entre muçulmanos e cristãos: maiorias e minorias religiosas, do conflito a uma justiça compassiva - construir ecologias de paz, formulação de instrumentos educativos para resolver problemas.

Wednesday, October 27, 2010

Frei Betto: ‘vírus oportunista’ na campanha


Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, 66, afirma que a forma como são abordados religião e aborto nesta campanha está "plantando no Brasil as sementes de um possível fundamentalismo religioso".

O frade dominicano responsabiliza a própria Igreja Católica por introduzir um "vírus oportunista" na disputa eleitoral. E define como "oportunistas desesperados" os bispos da Regional Sul 1 da CNBB (São Paulo) que assinaram no fim de agosto uma nota, depois tornada panfleto, recomendando aos fieis não votar em candidatos do PT.

Em entrevista à Folha, o religioso analisa que os temas ganharam espaço na agenda porque "lidam com o emocional do brasileiro". "Na América Latina, a porta da razão é o coração, e a chave do coração é a religião. A religião tem um peso muito grande na concepção de mundo, de vida, de pessoa, que a população elabora."

Amigo do presidente Lula, de quem foi assessor entre 2003 e 2004 e a quem depois manteve apoio crítico, e eleitor de Dilma Rousseff, Frei Betto defende que as políticas sociais do atual governo evitaram milhões de mortes de crianças e, por isso, discuti-las é mais importante do que debater o aborto.

Folha - Desde que deixou o cargo de assessor de Lula, o sr. manteve um apoio crítico ao governo, um certo distanciamento. A pauta religiosa --ou a forma como ela foi introduzida na campanha-- lhe reaproximou do governo e do PT?

Frei Betto - Eu nunca me distanciei. Sempre apoiei o governo, embora fazendo críticas. O governo Lula é o melhor da nossa história republicana, mas não tão ideal quanto eu gostaria, porque não promoveu, por exemplo, nenhuma reforma na estrutura social brasileira, principalmente a reforma agrária.

Mas nunca deixei de dar o meu apoio, embora tenha escrito dois livros de análise do governo, mostrando os lados positivos e as críticas que tenho, que foram "A mosca azul" e "O calendário do poder", ambos publicados pela Rocco. Desde o início do processo eleitoral, embora seja amigo e admire muito a Marina Silva, no início até pensei que Dilma venceria com facilidade e que poderia apoiá-la [Marina], mas depois decidi apoiar a candidata do PT.

Mas você entrou com mais força na campanha por conta da pauta religiosa, sem a qual talvez não tivesse entrado tanto?

Eu teria entrado de qualquer maneira dando meu apoio, dentro das minhas limitações. Agora essa pauta me constrange duplamente, como cidadão e como religioso. Porque numa campanha eleitoral, penso que o mais importante é discutir o projeto Brasil. Mas como entrou o que considero um vírus oportunista, o tema do aborto e o tema religioso, lamentavelmente as duas campanhas tiveram, sobretudo agora no segundo turno, que ser desviadas para essas questões, que são bastante pontuais. Não são questões que dizem respeito ao projeto Brasil de futuro. Ou, em outras palavras: mais do que se posicionar agora na questão do aborto é se posicionar em relação às políticas sociais que evitam a morte de milhões de crianças. Nenhuma mulher, nenhuma, mesmo aquela que aprova a total liberalização do direito ao aborto, é feliz por fazer um aborto.

Agora o que uma parcela conservadora da Igreja se esquece é que políticas sociais evitam milhões de abortos. Porque as mulheres, quando fazem, é por insegurança, frente a um futuro incerto, de miséria, de seus filhos. Esses 7,5 anos do governo Lula certamente permitiram que milhares de mulheres que teriam pensado em aborto assumissem a gravidez. Tiveram seus filhos porque se sentem amparadas por uma certa distribuição de renda que efetivamente ocorreu no governo Lula, tirando milhões de pessoas da miséria.

Por que aborto, crença e religião entraram tão fortemente na pauta da campanha?

Porque eles lidam com o emocional do brasileiro. Como o latino-americano em geral, a primeira visão de mundo que o brasileiro tem é de conotação religiosa. Sempre digo que, na América Latina, a porta da razão é o coração, e a chave do coração é a religião. A religião tem um peso muito grande na concepção de mundo, de vida, de pessoa, que a população elabora.

Mas não foi a população que levou esse tema [à campanha], foram alguns oportunistas que, desesperados e querendo desvirtuar a campanha eleitoral, introduziram esses temas como se eles fossem fundamentais.

O próprio aborto é decorrência, na maior parte, das próprias condições sociais de uma parcela considerável da população.

Quem são esses oportunistas?

Primeiro os três bispos que assinaram aquela nota contra a Dilma, diga-se de passagem à revelia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Realmente eles se puseram no palanque, sinalizando diretamente uma candidata com acusações que considero infundadas, injustificadas e falsas.

A Dilma, que já defendeu a descriminalização do aborto, recuou em relação ao tema.

Respeito a posição dela. Agora eu, pessoalmente, como frade, como religioso, como católico, sou a favor da descriminalização em determinados casos. Pode colocar aí com todas as letras. Porque conheço experiências em outros países, como a França, em que a descriminalização evitou milhões de abortos. Mulheres foram convencidas a ter o filho dentro de gravidez indesejada. Então todas as estatísticas comprovam que a descriminalização favorece mais a vida do que a criminalização. É importante que se diga isso, na minha boca. Na Itália, que é o país do Vaticano, predominantemente católico, foi aprovada a descriminalização.

O sr. acha que o recuo da Dilma é preço eleitoral a pagar?

Respeito a posição dos candidatos, tanto da Dilma quanto do Serra, sobre essas questões. Não vou me arvorar em juiz de ninguém. Como disse, acho que esse é um tema secundário no processo eleitoral e no projeto Brasil.

Pelo que se supõe, já que não há muita clareza nos candidatos, nem Dilma nem Serra são favoráveis ao aborto em si, mas ambos parecem abertos a discutir sua descriminalização. Por que é tão difícil para ambos debater esse tema com clareza e honestidade?

Porque é um tema que os surpreende. Não é um tema fundamental numa campanha presidencial. É um vírus oportunista, numa campanha em que você tem que discutir a infraestrutura do país, os programas sociais, a questão energética, a preservação ambiental. Entendo que eles se sintam constrangidos a ter que se calar diante dos temas importantes para a nação brasileira e entrar num viés que infelizmente está plantando no Brasil as sementes de um possível fundamentalismo religioso.

Como o sr. vê a participação direta de bispos, padres e pastores na campanha, pregando contra ou a favor de um ou outro candidato?

Eu defendo o direito de que qualquer cidadão brasileiro, seja bispo, seja até o papa, tenha a sua posição e a manifeste. O que considero um abuso é, em nome de uma instituição como a Igreja, como a CNBB, alguém se posicionar tentando direcionar o eleitorado. Eu, por exemplo, posso, como Frei Betto, manifestar a minha preferência eleitoral. Mas não posso, como a Ordem Dominicana a qual eu pertenço, dizer uma palavra sobre isso. Considero um abuso.

E a participação de uma diocese da CNBB na produção de panfletos recomendando fieis a não votarem na Dilma?

É uma posição ultramontana, abusiva, de tentar controlar a consciência dos fieis através de mentiras, de ilações injustificadas.

O sr. acredita, como aponta o PT, que o PSDB está por trás da produção dos panfletos?

Não, não posso me posicionar. Só me posiciono naquilo em que tenho provas e evidências. Prefiro não falar sobre isso.

Quais as diferenças de tratamento do tema aborto nas diferentes religiões?

Ih, meu caro, isso é muito complexo. Agora, na rua... Eu estou na rua, indo para a PUC [para ato de apoio a Dilma, na última terça à noite]. Para entrar nesse detalhe... Eu escrevi um artigo até para a Folha, anos atrás, sobre a questão do aborto. É muito delicado analisar as diferenças. Há nuances. Mesmo dentro da Igreja Católica há diferentes posições sobre quando é que o feto realmente se transforma num ser vivo. Não é uma questão fechada na Igreja. Ainda não há, nem do ponto de vista do papa, uma questão dizendo: o feto é um ser vivo a partir de tal data. É uma questão em discussão, teologicamente inclusive. São Tomás de Aquino dizia que 40 dias depois de engravidar. Isso aí depende muito, é uma questão em aberto.

Em artigo recente na Folha, o sr. disse que conhecia Dilma e que ela é "pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica". O que diria sobre a formação e a religiosidade de Serra?

Eu sou amigo do Serra, de muitos anos, desde a época do movimento estudantil. Nunca soube das suas opções religiosas. Da Dilma sim, porque fui vizinho dela na infância [em Belo Horizonte], estivemos juntos no mesmo cárcere aqui em São Paulo, onde ela participou de celebrações, e também no governo. Não posso de maneira alguma me posicionar em relação ao Serra. Respeito a religiosidade dele.

Se você me perguntasse antes da campanha sobre a posição religiosa do Serra, eu diria: não sei. Mas considero uma pessoa muito sensata, que respeita crenças religiosas, a tolerância religiosa, a liberdade religiosa. Nesse ponto os dois candidatos coincidem.

O que achou do material de campanha de Serra que destaca a frase "Jesus é a verdade e a vida" junto a uma foto do candidato?

Não cheguei a ver e duvido que seja material de campanha dele. Como bom mineiro, fico com pé atrás. Será que é material de campanha, será que é apócrifo?... Agora mesmo estão distribuindo na internet um texto, que me enviou hoje o senador [Eduardo] Suplicy, [intitulado] "13 razões para não votar em Dilma", com a logomarca da Folha, de um artigo que eu teria publicado na Folha, assinado por mim. Não dá para dizer que [o santinho] é da campanha dele.

Mas tem foto dele, o número dele [tem inclusive o CNPJ da coligação]...

Bem, espero que a campanha, o comitê dele desminta isso e, se não desmentir, quem cala, consente.

No mesmo artigo o sr. diz que torturadores praticavam "ateísmo militante". O sr. não respeita quem não crê em Deus?

Meu caro, eu tenho inúmeros amigos ateus. Nenhum deles tirou do contexto essa frase. Com essa pergunta você me permite aclarar uma coisa muito importante: que a pessoa professe ateísmo, tem todo o meu apoio, é um direito dentro de um mundo secularizado, de plena liberdade religiosa.

Agora, a minha concepção de Deus é que Deus se manifesta no ser humano. Então toda vez que alguém viola o ser humano, violenta, oprime, está realizando o ateísmo militante. Ateus que reivindicam o fim dos crucifixos em lugares públicos, o nome de Deus na Constituição - isso não é ateísmo militante, isso é laicismo, que eu apoio. O ateísmo militante para mim é profanar o templo vivo de Deus, que é o ser humano.

Tiraram do contexto, não entenderam...

É que houve queixas de ateus em relação àquele trecho do seu artigo, tido como discriminatório...

Podem ter se sentido ofendidos por não terem percebido isso. Para mim o ateísmo militante é você negar Deus lá onde, na concepção cristã, ele se manifesta, que é no ser humano. Você professar o ateísmo é um direito que eu defendo ardorosamente. Agora, você não pode é chutar a santa, como fez aquele pastor na Record. Ou seja, eu posso ser ateu, como eu sou cristão, mas eu não digo que a fé do muçulmano é um embuste ou que a fé do espírita é uma fantasia. Isso é um desrespeito.

O sr. relatou no artigo que encontrou Dilma no presídio Tiradentes [em São Paulo] e que lá fizeram orações. Como foram esses encontros?

Ela estava presa na ala feminina, eu na ala masculina e, como religioso, eu tinha direito de, aos domingos, passar para a ala feminina para fazer celebrações. E ela participava. O diretor do presídio autorizava isso.

O sr. já comparou o Bolsa Família a uma "esmola permanente"...

[interrompendo] Não, eu não usei essa expressão. Eu sempre falei que o Bolsa Família é um programa assistencialista e o Fome Zero era um programa emancipatório. Nunca chamei de esmola não. Se saiu isso aí, puseram na minha boca.

Deixa eu buscar aqui o contexto exato...

Quero ver o contexto. Dito assim como você falou agora eu não falei isso não.

Vou achar aqui o texto, espera aí.

Bem, mas não importa o que eu disse. Eu te digo agora o seguinte: o Bolsa Família é um programa compensatório e o Fome Zero era um programa emancipatório.

Você falou o seguinte [numa entrevista à Folha em 2007]: "Até hoje o Bolsa Família não tem porta de saída. O governo inteiro sabe qual é, mas não tem coragem: é a reforma agrária, a única maneira de 11 milhões de famílias passarem a produzir a própria renda e ficarem independentes, emancipadas do poder público. Você não pode fazer política social para manter as pessoas sob uma esmola permanente. Nem por isso considero o Bolsa Família negativo, devo dizer isso. O problema é que não pode se perenizar".

Ótimo que você pegou o texto, muito bem, é isso mesmo. Veja bem, não vamos tirar de contexto não.

O que o sr. pensa do Bolsa Família hoje?

Isso que eu te falei: é um programa compensatório. Eu gostaria que voltasse o Fome Zero, que tem um caráter emancipatório, tinha porta de saída para as famílias. E o Bolsa Família, embora seja positivo, até hoje não encontrou a porta de saída, o que eu lamento.

O sr. continua a ser um defensor inconteste do regime cubano? Ainda é amigo de Fidel?

Não, veja bem. A sua afirmação... Não põe na minha boca o que você acabou de falar. Eu sou solidário à Revolução Cubana. Eu faço um trabalho em Cuba há muitos anos, de reaproximação da Igreja e do Estado. Estou muito agradecido a Deus e feliz por poder ajudar esse processo, que resultou recentemente na liberação de vários presos políticos.

O sr. participou diretamente desse processo, dessa última libertação?

Indiretamente sim. Mas não é ainda o momento de eu entrar em detalhes.

O sr. acha que essa tendência de abertura do regime é inexorável?

Sim, claro, tem que haver mudanças. Cuba está preocupada em se adaptar. Mas nada disso indica a volta ao capitalismo.

Sobre o desrespeito aos direitos humanos em Cuba, ainda há presos políticos...

Meu caro, ninguém desrespeita mais os direitos humanos no mundo do que os Estados Unidos. E fala-se pouco, lamentavelmente. Basta ver o que os Estados Unidos fazem em Guantánamo.

Cuba ocupa o 51º no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, que é insuspeito. O Brasil, o 75º.

[23/10/2010]

Monday, October 25, 2010

XXVII Concílio da IECLB – 20 a 24 de outubro de 2010 Mensagem às comunidades


Nós, participantes do XXVII Concílio da IECLB, reunimo-nos nos dias 20 a 24 de outubro de 2010 em Foz do Iguaçu/PR sob a inspiração bíblica “Em tudo dai graças”. Celebramos e partilhamos esta gratidão a Deus em todos os momentos da caminhada de nossa Igreja.

Constatamos neste concílio que a Missão de Deus continua nos apaixonando. Os relatórios do Presidente do Conselho da Igreja, da Presidência e da Secretaria Geral expressam que a reflexão e a prática missionária ocupam um espaço fundamental na afirmação de nossa identidade e unidade luterana, perpassando a vida de nossas comunidades.

Um dos compromissos missionários é compreender que estamos inseridos na sociedade brasileira o que implica adequarmo-nos à legislação do país. Parte das discussões foi dedicada à adequação de nossos documentos legais e normativos. A discussão sobre a subsistência e proteção à saúde de ministros e ministras mostra que somos uma igreja que pensa como um todo, que é cuidadora e responsável pelo futuro das pessoas que se dedicam integralmente ao trabalho na IECLB.

Nas câmaras temáticas e plenárias discutimos solicitações encaminhadas pelos sínodos, planejamos e definimos nossos próximos passos sempre tendo em vista a vida e o anseio de nossas comunidades.

Ao reafirmar nosso compromisso com a Missão, renovamos o desejo de continuar com a campanha Vai e Vem e com a implementação do Planejamento Comunitário do PAMI, conforme decisão conciliar.

Partilhamos como IECLB da gratidão e da expectativa pela comemoração em 2011 dos 50 anos de missão de reconciliação entre e junto com indígenas no Brasil pelo COMIN.

A formação teológica mereceu destaque também no contexto de um clamor crescente por mais vocações ministeriais. Evidenciamos o valor do trabalho com crianças e jovens como espaço privilegiado para o surgimento de novas vocações.

Com o término da gestão de vários cargos eletivos, realizamos, além da eleição em si, a exposição de propostas dos(das) candidatos(as). Este Concilio elegeu para presidente o P. Presidente o pastor Nestor Paulo Friedrich, Pastor(a) 1º Vice-presidente: Carlos Augusto Möller, Pastora 2ª Vice-presidente: Silvia Beatrice Genz e Presidente do Concílio: Nivaldo Kiister. Nosso desejo é que Deus abençoe estas pessoas que se colocam a serviço do Reino de Deus a partir da IECLB.

As celebrações deram um toque especial ao clima de convivência e à espiritualidade de nosso concílio. Destacamos o culto ecumênico e os cultos de abertura e de encerramento em nossas comunidades da cidade de Foz do Iguaçu.

Como último concílio no cargo de presidente, o P. Dr. Walter Altmann fez um balanço de sua trajetória pastoral na IECLB e em órgãos ecumênicos internacionais. Os conciliares expressaram sua gratidão em reconhecimento pela sua dedicação e atuação em diferentes tarefas e funções exercidas. Lembramos também do falecimento de ministros e ministras e de seus familiares no período transcorrido desde o último Concílio, destacando a perda irreparável de nosso P. 1º Vice-presidente Homero Severo Pinto.

O concílio oportunizou também a visita de autoridades eclesiásticas, delegações e representações nacionais e internacionais expressando a renovação de vínculos, projetos e parcerias ecumênicas. Destacamos a visita de representantes da OGA do exterior no contexto das comemorações dos 100 anos desta entidade no Brasil.

Foram apresentados o tema e o lema da IECLB para o próximo ano. O tema “Paz na Criação de Deus – esperança e compromisso” e o lema bíblico “Glória a Deus e paz na terra” (Lc 2.14a) guiarão nossas preocupações na direção da nossa responsabilidade para com a criação de Deus e no testemunho da paz neste mundo.

Nosso desejo é que as decisões deste Concílio contribuam para a construção de uma igreja solidária, para o fortalecimento de sua identidade luterana e para o comprometimento com a missão de Jesus Cristo.

Foz do Iguaçu, 24 de outubro de 2010.